Pensando um Segundo...

... é lógico que gostaria muito de reverter muitos traços de autismo no meu filho, pois almejo sua felicidade e independência, mas não tenho mais aquela angústia abafada no peito, desesperada por uma cura como se ele fosse um brinquedo com estragos e que eu queria a todo custo consertar. Hoje sou muito Feliz com o SEGUNDO de hoje. Curto cada momento de alegria dele , cada palavra nova, cada pequena descoberta . Acho ele tão doce... ( e marrento também, às vezes). Pelas palavras, na maioria das vezes, faltarem, ele substitui muito por gestos ou puxando minha mão para pegar o que ele quer, mas amo quando ele assiste um comercial ou ver escrito e diz: Mais Você ou “caderão do uqi”, “jorná nacioná”, armazém papaíba ou ainda quando pergunto o nome dele, da irmã, do pai e o meu(é claro) e ele responde rapidinho. E o melhor é perguntar como ele está e ele dizer: “estou apaxonado”. Se ele tem consciência do que fala? Não sei.... Só sei que o amo por tudo que faz e por aquelas que não consegue fazer. Tento não perde nada... nadinha da vida dele, pois, na vida, ele é meu professor.

Enfim como diz Dalai Lama : '' a felicidade é saber curtir o caminho e não só almejar a chegada. "

Abraços

Vilma Candido



sexta-feira, março 11

Pós-Graduação em Saúde Mental com Ênfase nos Transtornos Globais do Desenvolvimento-TGDs

A APAE de Pirassununga/SP em parceria com a Faculdade Machado de Assis-FAMA de Curitiba, por meio do Instituto Nacional de Pós-Graduação e Eventos Acadêmicos-INAPEA, desenvolveu, dentre outros, o curso de Pós-Graduação em Saúde Mental com Ênfase nos Transtornos Globais do Desenvolvimento-TGDs o qual é apresentado logo abaixo.

A FAMA é uma Instituição de Ensino Superior-IES devidamente credenciada pelo MEC e com alto padrão de exigência acadêmica. Sugerimos visitar o site www.sema.edu.br

Sobre os demais Projetos de cursos de Pós-Graduação, Capacitação e Eventos acadêmicos, maiores informações podem ser obtidas no site www.inapea.com
A responsabilidade acadêmica dos cursos de especialização é do Prof. Dr. J. R. Facion www.facion.psc.br


Exclusivo! Curso de Pós Graduação em Saúde Mental com Ênfase em Transtornos Globais do Desenvolvimento

Público Alvo

Psicólogos, pedagogos, professores, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, fisioterapeutas e demais profissionais das áreas de Educação e Saúde.

Objetivos

· Qualificar profissionais das áreas de Saúde e Educação, oferecendo condições de aquisição, discussão e aprofundamento de conhecimentos que propiciem o desenvolvimento de habilidades para identificação dos transtornos mentais e seus tratamentos;


· Capacitar profissionais para o trabalho com o diagnóstico precoce e o encaminhamento terapêutico apropriado a cada condição.

Módulos

Fundamentos Históricos da Psicopatologia – 30h


Desenvolvimento Humano e as Diversas Fases Neuropsicológicas da Aprendizagem – 30h


Psicologia da Personalidade – 30h


Neurociências e os Transtornos Mentais – 15 h


Transtornos Globais do Desenvolvimento e Inclusão Escolar - 15 h


Ética e Bioética – 30 h


Transtornos Mentais I: TGDS – 30h


Transtornos Mentais II: PSICOSES - 30h


Intervenções Terapêuticas I – 30h


Intervenções Terapêuticas II – 30h


Epistemologia e Desenvolvimento da Produção Científica – 60h


Responsabilidade acadêmica: Prof. Dr. José Raimundo Facion
Coordenação: Profa. Ms. Maria Elisa Granchi Fonseca


Professores Mestres e Doutores na área com experiência docente e técnica em TGDs


AULAS NO TERCEIRO FINAL DE SEMANA DO MÊS (SEXTA FEIRA A NOITE E SÁBADO O DIA TODO) COM INÍCIO DIA 15/16 DE JULHO DE 2011.


DURAÇÃO DE 12 MESES (1 ANO)


VALOR: 20 parcelas de 220 reais (para uma turma com 35 alunos*)


Matrícula: 100 reais, a partir de 15 de março de 2010 clique em www.inapea.com para fazer a sua inscrição


Local das aulas: APAE de Pirassununga,SP
Avenida Capitão Antonio Joaquim Mendes 661
Jardim Carlos Gomes
Pirassununga,SP


* Serão necessários 35 alunos para que a turma seja iniciada

terça-feira, março 8

Robô humanoide interage com crianças autistas na Inglaterra

Kasper brinca com os pequenos durante dez minutos por semana.
Construído por R$ 3.500, ele sorri, fica com raiva e expressa sentimentos.
A garota Eden Sawczenko brinca com o robô Kasper, durante pesquisa em Hatfield, na Inglaterra. O robô está sendo usado para ajudar crianças autistas em uma creche em Stevenage, em sessões semanais de terapia. As crianças brincam com o robô, controlado remotamente pelos cientistas por cerca de 10 minutos. (Foto: AP)

Ronnie Arloff brinca com Kaspar é programado para sorrir, mostrar raiva, rir, piscar e mover os braços. Ele foi construído na Universidade de Hertfordshire, por cerca de 1.300 libras esterlinas (quase R$ 3.500). (Foto: AP)

Retirado do link:
http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2011/03/robo-humanoide-interage-com-criancas-autistas-na-inglaterra.html

Como devo lidar com um filho autista?

                  Comece por você, se reeduque, pois daqui prá frente seu mundo será totalmente diferente de tudo o que conheceu até agora. Se reeducar quer dizer: fale pouco, frases curtas e claras; aprenda a gostar de musicas que antes não ouviria; aprenda a ceder, sem se entregar; esqueça os preconceitos, seus ou dos outros, transcenda a coisas tão pequenas.  
              Aprenda a ouvir sem que seja necessário palavras; aprenda a dar carinho sem esperar reciprocidade; aprenda a enxergar beleza onde ninguém vê coisa alguma; aprenda a valorizar os mínimos gestos. Aprenda a ser tradutora desse mundo tão caótico para ele, e você também terá de aprender a traduzir sentimentos, um exemplo disso: "nossa, meu filho tá tão agressivo", tradução: ele se sente frustrado e não sabe lidar com isso, ou está triste, ou apenas não sabe te dizer que ele não quer mais te ver chorando por ele.
            Você irá educar bem seu filho se aprender a conhecer o autismo "dele", pois cada um tem o seu próprio, mesmo que inserido em uma síndrome comum.
Deverá aprender a respeitar o seu tempo, o seu espaço, e reconhecer mesmo com dificuldades que ele tem habilidades, e verá que no fundo elas são tão espetaculares!
          Você irá aprender a se derreter por um sorriso, a pular com uma palavra dita, e a desafiar um mundo inteiro quando este lhe diz algum não.
          Você começará a ver que com o tempo está adquirindo super-poderes, e que a Mulher-Maravilha ou o Super-Homem, não dariam conta de 10% do que você faz.
         Você tem o super poder de estar em vários lugares ao mesmo tempo, afinal escola, contra-turno, natação, integração sensorial, consultas, fono, pedagoga, ufa...dar conta de tudo isso só se multiplicando e ainda se teletransportando! Você é a primeira que acorda e última que vai dormir,isso é, quando ele te deixa dormir, e no outro dia tá sempre com um sorriso no rosto ao despertar do teu galã. Você faz malabarismos e consegue encaixar o salário da familia, em tantas contas e coisas que precisa fazer, que só mesmo com super-poderes. Você nota que seu cérebro é privilegiado, embora você nunca tivesse imaginado que dentro de você haveria um pequeno Enstein, pois desde o diagnóstico de seu filho, você já estudou: neurologia, psiquiatria, pediatria, fonoaudiologia, pedagogia,nutrição, farmácia, homeopatia, terapias alternativas, e tantas outras matérias. Você dá aula de autismo, ouve muitas bobagens em consultórios de bacanas, e ainda ensina muitos deles o que devem fazer ou qual melhor caminho a seguir para que seu filho possa se dar bem. Ah...e a informática que anteriormente poderia lhe parecer um bicho-de-sete-cabeças...à partir deste filho, você encarou, e domina o cyberespaço como ninguém! São tantas listas de autismos, blogs, facebook, orkut, twitter...ih...pesquisa no google então, já virou craque, ninguém encontra nada mais rápido que você!
           Uma hora você verá o que essa "reeducação" proporcionou a você, pois hoje você é uma pessoa totalmente diferente do que era antes de ser mãe de um autista. Nossa como você mudou, hein? E topará com a pergunta que não quer calar: "como devo educar meu filho autista?" Olhará ao redor, olhará para seu filho e perceberá que ele também está diferente, que ele cresceu, que já não é tão arredio, que as birras já não se repetem tanto, que ele até já te joga beijos! Que aquela criança que chegou solitária na escola, hoje já busca interagir, e já até fez algum amiguinho. Que ele já está aprendendo "jeitinhos" de se virar, e nem te requisita tanto mais. Então, chegará a conclusão que mesmo sem saber responder a tal pergunta, você tá fazendo um bom trabalho, e que ninguém no mundo poderia ser melhor mãe/pai que você para esse filho!

Texto escrito por Claudia Morae- mãe de autista.

Parabéns Mulheres

A todas as mulheres, mães guerreiras que dedicam a sua vida a fazer não apenas um SEGUNDO de felicidade para seus filhos, mas que se doam em plenitude para tranformar os dias em momentos únicos.
Nossos parabéns é pouco para dizer o quanto vocês são especiais.
Que DEUS esteja sempre ao lado, orientando, guiando e levantando quando vier os tropeços.
Abração
Família Segundo.

Brasil é destaque no Dia Mundial do Autismo, 2 de abril

Não foi à toa que a ONU (Organização das Nações Unidas) decretou todo 2 de abril como sendo o Dia Mundial de Conscientização do Autismo (World Autism Awareness Day), desde 2008. Este é o quarto ano do evento mundial, que pede mais atenção ao transtorno do espectro autista (nome oficial do autismo), que é mais comum em crianças que AIDS, câncer e diabetes juntos.


No Brasil -- além do cartaz (ao lado) e do vídeo da campanha --, a data será lembrada com a iluminação em azul (cor definida para o autismo) de vários prédios e monumentos importantes, entre eles, o Cristo Redentor (no Rio de Janeiro) -- que acabou de inaugurar uma moderna iluminação de LED -- com celebração presidida pelo bisco dom Augusto (às 18h30 do dia 1), a Ponte Estaiada, o Monumento às Bandeiras e o Viaduto do Chá (todos em São Paulo) e o prédio do Senado em Brasília (outras ações podem ser vistas em http://RevistaAutismo.com.br/DiaMundial). No restante do mundo, outros importantes pontos acenderão sua “luz azul”, como no ano passado o prédio Empire State, em Nova York (Estados Unidos) e a CN Tower, em Toronto, (Canadá).

O autismo é uma síndrome complexa e muito mais comum do que se pensa. Atualmente, o número mais aceito no mundo é a estatística do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão do governo dos Estados Unidos: uma criança com autismo para cada 110. Estima-se que esse número possa chegar a 2 milhões de autistas no país, segundo o psiquiatra Marcos Tomanik Mercadante citou em audiência pública no Senado Federal no fim de 2010, onde discute-se uma lei exclusiva para o autismo, liderada pelo senador Paulo Paim (PT-RS). Mercadante é um dos autores da primeira (e por enquanto única) estatística brasileira, num programa piloto por amostragem na cidade de Atibaia (SP), que registrou naquela amostragem incidência de uma para cada 333 crianças -- publicada no final de fevereiro último. No mundo, segundo a ONU, acredita-se ter mais de 70 milhões de pessoas com autismo, afetando a maneira como esses indivíduos se comunicam e interagem. A incidência em meninos é maior, tendo uma relação de quatro meninos para uma menina com autismo.


No ano passado, um discurso do presidente dos Estados Unidos, no dia 2, lembrou a importância da data: “Temos feito grandes progressos, mas os desafios e as barreiras ainda permanecem para os indivíduos do espectro do autismo e seus entes queridos. É por isso que minha administração tem aplicado os investimentos na pesquisa do autismo, detecção e tratamentos inovadores – desde a intervenção precoce para crianças e os serviços de apoio à família para melhorar o suporte para os adultos autistas”. Barack Obama ainda concluiu: “Com cada nova política para romper essas barreiras, e com cada atitude para novas reformas, nos aproximamos de um mundo livre de discriminação, onde todos possam alcançar seu potencial máximo”.


No Brasil, é preciso alertar, sobretudo, as autoridades e governantes para a criação de políticas de saúde pública para o tratamento e diagnóstico do autismo, além de apoiar e subsidiar pesquisas na área. Somente o diagnóstico precoce, e conseqüentemente iniciar uma intervenção precoce, pode oferecer mais qualidade de vida às pessoas com autismo, para a seguir iniciarmos estatísticas na área e termos idéia da dimensão dessa realidade no Brasil. E mudá-la.

Vários níveis no espectro


O autismo faz parte de um grupo de desordens do cérebro chamado de transtorno invasivo do desenvolvimento (TID) – também conhecido como transtorno global do desenvolvimento (TGD). Para muitos, o autismo remete à imagem dos casos mais graves, mas há vários níveis dentro do espectro autista. Nos limites dessa variação, há desde casos com sérios comprometimentos do cérebro além de raros casos com diversas habilidades mentais, como a Síndrome de Asperger (um tipo leve de autismo) – atribuído inclusive a aos gênios Leonardo Da Vinci, Michelangelo, Mozart e Einstein. Mas é preciso desfazer o mito de que todo autista tem um “superpoder”. Os casos de genialidade são raríssimos.

A medicina e a ciência de um modo geral sabem muito pouco sobre o autismo, descrito pela primeira vez em 1943 e somente 1993 incluído na Classificação Internacional de Doenças (CID 10) da Organização Mundial da Saúde como um transtorno invasivo do desenvolvimento. Muitas pesquisas ao redor do mundo tentam descobrir causas, intervenções mais eficazes e a tão esperada cura. Atualmente diversos tratamentos podem tornar a qualidade de vida da pessoa com autismo sensivelmente melhor. E vale destacar que o neurocientista brasileiro Alysson Muotri conseguiu um primeiro passo para uma possibilidade futura de cura, em seu trabalho na Califórnia (EUA). Ele curou um neurônio autista em laboratório e trabalha no progresso de sua técnica na Universidade de San Diego. Tão importante quanto descobrir a cura, é permitir que os autistas de hoje sejam incluídos na sociedade e tenham mais qualidade de vida e respeito.

Paiva Junior é jornalista, editor-chefe da Revista Autismo http://revistaautismo.com.br/ e pai do Giovani, de 3 anos e 10 meses, que está no espectro autista, e da Samanta, de 1 ano e 9 meses, que está tendo desenvolvimento típico (normal).

E-mail: editor@RevistaAutismo.com.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.
Twitter: @RevistaAutismo e @PaivaJunior
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sábado, março 5

Autismo: você sabe o que é?

2 de abril- DIA MUNDIAL DA CONSCIENTIZAÇÃO DOAUTISMO

ENTRE NESSA LUTA VOCÊ TAMBÉM

quarta-feira, fevereiro 2

4º Seminário Internacional de Pesquisa sobre Autismo e Deficiência Intelectual


Agência FAPESP – O 4º Seminário Internacional de Pesquisa do Laboratório de Aprendizagem Humana, Multimídia Interativa e Ensino Informatizado sobre autismo e deficiência intelectual será realizado nos dias 8 e 9 de fevereiro pelos programas de pós-graduação em psicologia e em educação especial da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Voltado a estudantes, pesquisadores e profissionais da psicologia e áreas afins, o objetivo do evento é divulgar o conhecimento científico atualmente produzido em psicologia, com ênfase em análise do comportamento.
A programação do evento será composta por apresentação de projetos de pesquisas e palestras com Caio Miguel, professor da California State University, nos Estados Unidos.
“Tato comum e nomeação em crianças com autismo” e os “Efeitos de treino de ouvinte e falante na emergência de relações de equivalência” são alguns dos temas que serão abordados durante o seminário.
O evento será realizado no auditório do Centro de Educação e Ciências Humanas da UFSCar, localizado na Rod. Washington Luís, km 235, em São Carlos.
Mais informações e inscrições: www.lahmiei.ufscar.br 
 


segunda-feira, janeiro 24

Método novo para combater o autismo

 

Brincar pode ser a cura para o autismo, graças a um método novo que está a ser usado pela primeira vez em Portugal. Chama-se "Três I´s". Em Monção, os pais do Marco já utilizam a terapia há mais de um ano mas, para ter sucesso, são necessários 45 voluntários para brincar com o filho, em cada dia, e isso não é nada fácil de conseguir

http://tv2.rtp.pt/noticias/index.php?t=Metodo-novo-para-combater-o-autismo.rtp&headline=20&visual=9&article=409302&tm=2

sábado, janeiro 22

Síndrome rara fez americana ser atacada pela própria mão

 21/01/2011 - 12h34
A americana Karen Byrne, de 55 anos, que sofre de uma condição chamada Síndrome da Mão Alheia
Imagine ser atacado por uma de suas próprias mãos, que tenta repetidamente estapear e socar você. Ou então entrar em uma loja e tentar virar à direita e perceber que uma de suas pernas decide que quer ir para a esquerda, fazendo-o andar em círculos.
Essa realidade é bem conhecida da americana Karen Byrne, de 55 anos, que sofre de uma condição rara chamada Síndrome da Mão Alheia.
A síndrome de Byrne é fascinante, não somente por ser tão estranha, mas também por ajudar a explicar algo surpreendente sobre como nossos cérebros funcionam.
O problema começou após ela passar por uma cirurgia, aos 27 anos, para controlar sua epilepsia, que havia dominado sua vida desde seus 10 anos de idade.
A cirurgia para curar a epilepsia normalmente envolve identificar e depois cortar um pequeno pedaço do cérebro no qual os sinais elétricos anormais se originam.
Quando isso não funciona, ou quando a área danificada não pode ser identificada, os pacientes precisam passar por uma solução mais radical.
No caso de Byrne, seu cirurgião cortou seu corpo caloso, um feixe de fibras nervosas que mantém os dois hemisférios do cérebro em permanente contato.
Novo problema
O corte do corpo caloso curou a epilepsia de Byrne, mas a deixou com um problema totalmente diferente. Ela conta que inicialmente tudo parecia bem, mas que então os médicos começaram a notar um comportamento extremamente estranho.

‘O médico me disse: ‘Karen, o que você está fazendo? Sua mão está te despindo’. Até ele dizer isso eu não tinha percebido que minha mão esquerda estava abrindo os botões da minha camisa”, diz.
“Então eu comecei a abotoar a camisa novamente com a mão direita, mas assim que eu terminei, a mão esquerda começou a desabotoar de novo. Então o médico fez uma chamada de emergência para um outro médico e disse: ‘Mike, você precisa vir aqui imediatamente, temos um problema’.”
Karen Byrne havia saído da operação com uma mão esquerda que estava fora de controle. “Eu acendia um cigarro, colocava-o no cinzeiro e então minha mão esquerda jogava-o fora. Ela tirava coisas da minha bolsa sem que eu percebesse. Perdi muitas coisas até que eu percebesse o que estava acontecendo”, diz.
Em alguns casos, a mão esquerda dela chegava a estapeá-la, sem controle. Ela conta que seu rosto chegava a ficar inchado com tantos golpes.
Luta de poder
O problema de Byrne foi provocado por uma luta por poder dentro de sua cabeça. Um cérebro normal é formado por dois hemisférios que se comunicam entre si por meio do corpo caloso.

O hemisfério esquerdo, que controla o braço e a perna direitos, tende a ser onde residem as habilidades linguísticas. O hemisfério direito, que controla o braço e a perna esquerdos, é mais responsável pela localização espacial e pelo reconhecimento de padrões.
Normalmente o hemisfério esquerdo, mais analítico, domina e tem a palavra final nas ações que desempenhamos. A descoberta do domínio hemisférico tem sua raiz nos anos 1940, quando os cirurgiões decidiram começar a tratar a epilepsia com o corte do corpo caloso.
Após a recuperação, os pacientes pareciam normais. Mas nos círculos psicológicos eles se tornaram lendas. Isso porque esses pacientes revelariam, com o tempo, algo que parece incrível – que as duas metades do nosso cérebro têm cada um uma espécie de consciência separada. Cada hemisfério é capaz de ter sua própria vontade independente.
Experiências
O homem que fez muitas das experiências que primeiro provaram essa tese foi o neurobiólogo Roger Sperry. Em um estudo particularmente notável, que ele filmou, é possível ver um dos pacientes com o cérebro dividido tentando resolver um quebra-cabeças.

O quebra-cabeças exigia o rearranjo de blocos para que eles correspondessem a padrões em uma imagem. Primeiro o homem tentou resolver o quebra-cabeças com sua mão esquerda (controlada pelo hemisfério direito), com bastante sucesso.
Então Sperry pediu ao paciente que usasse sua mão direita (controlada pelo hemisfério esquerdo). Essa mão claramente não tinha nenhuma ideia de como fazê-lo.
A mão esquerda então tentou ajudar, mas a mão direita parecia não querer ajuda, então elas terminaram brigando como se fossem duas crianças.
Experiências como essa levaram Sperry a concluir que “cada hemisfério é um sistema de consciência isolado, percebendo, pensando, lembrando, raciocinando, querendo e se emocionando”.
Em 1981 Sperry recebeu um prêmio Nobel por seu trabalho. Mas em uma ironia cruel do destino, ele então já sofria com uma doença degenerativa do cérebro, chamada kuru, provavelmente contraída em seus primeiros anos de pesquisas com cérebros.
Medicação
A maioria das pessoas que tiveram seus corpos calosos cortados parecem normais posteriormente. Você poderia cruzar com eles na rua e não saberia que algo havia acontecido.

Karen Byrne teve azar. Após a operação, o lado direito de seu cérebro se recusava a ser dominado pelo lado esquerdo.
Ela sofreu com a Síndrome da Mão Alheia por 18 anos, mas felizmente para ela seus médicos encontraram uma medicação que parece ter trazido o lado direito de seu cérebro de volta ao controle.
A história de Byrne foi contada no último programa da série da BBC "The Brain" (O Cérebro), que foi ao ar no Reino Unido na quinta-feira.