Pensando um Segundo...

... é lógico que gostaria muito de reverter muitos traços de autismo no meu filho, pois almejo sua felicidade e independência, mas não tenho mais aquela angústia abafada no peito, desesperada por uma cura como se ele fosse um brinquedo com estragos e que eu queria a todo custo consertar. Hoje sou muito Feliz com o SEGUNDO de hoje. Curto cada momento de alegria dele , cada palavra nova, cada pequena descoberta . Acho ele tão doce... ( e marrento também, às vezes). Pelas palavras, na maioria das vezes, faltarem, ele substitui muito por gestos ou puxando minha mão para pegar o que ele quer, mas amo quando ele assiste um comercial ou ver escrito e diz: Mais Você ou “caderão do uqi”, “jorná nacioná”, armazém papaíba ou ainda quando pergunto o nome dele, da irmã, do pai e o meu(é claro) e ele responde rapidinho. E o melhor é perguntar como ele está e ele dizer: “estou apaxonado”. Se ele tem consciência do que fala? Não sei.... Só sei que o amo por tudo que faz e por aquelas que não consegue fazer. Tento não perde nada... nadinha da vida dele, pois, na vida, ele é meu professor.

Enfim como diz Dalai Lama : '' a felicidade é saber curtir o caminho e não só almejar a chegada. "

Abraços

Vilma Candido



quarta-feira, fevereiro 24

ESCOLA IDEAL, na perspectiva de uma mente autista.

Pessoal, creio que a maioria de vocês já ouviu falar de Donna Williams, uma autista que é autora de material importante na área dos TIDs. A partir de sua própria história e vivência, ela nos conta como se sente e o que faz (e fez) para viver dentro do autismo. Eu gosto muito de ler as coisas que ela escreve e essa semana comecei a trabalhar em um de seus livros, fazendo uma adaptação para leitura própria e capacitação de minha equipe. Achei um parágrafo fantástico, que gostaria de compartilhar com vocês.
Fala sobre a ESCOLA IDEAL, na perspectiva de uma mente autista.
Algo que todos nós deveriamos considerar. Ninguem melhor que eles para nos guiarem nas suas necessidades.

A ESCOLA IDEAL


" (...) Para mim, ambiente educacional ideal seria aquele onde a classe teria pouco eco e com luz suave, onde os móveis e tudo ao redor provocassem em mim uma organização cognitiva, onde as coisas garantissem a minha rotina e que não tivesse muitas mudanças, pois mudanças no ambiente provocam mudanças dentro de mim. A minha escola ideal seria aquela em que eu saberia onde eu deveria me sentar, o que eu deveria fazer, para onde iriam me levar e o que esperariam que eu fizesse. Deveria ser uma sala onde eu pudesse ver o que eu preciso e não ver o que é desnecessário, onde eu pudesse ser avisada sobre “novidades” e “surpresas”. A escola ideal deveria focar no meu jeito visual e especial de aprender, onde o professor ensinasse pelos objetos e pelos fatos e não por interpretações, apelos verbais ou vagas exigências de escrita ou leitura. Nesta sala, não deveriam existir pessoas correndo, falando ao mesmo tempo, mudando de expressões e gesticulando para mim. Meu professor ideal deveria falar baixo, usar roupas claras (de preferência um uniforme), mostrar a minha tarefa sem precisar ficar dando muitas ordens e que entendesse o meu estilo de aprendizagem. Assim, eu aprenderia melhor" (...)

Williams, D. (1996). Autism: An Inside-Out Approach.An Innovative Look at the 'Mechanics' of 'Autism' and its Developmental 'Cousins'. Jessica Kingsley Publishers.
Tradução de parágrafo do capítulo 18 (página 284)
Maria Elisa

0 comentários:

Postar um comentário

Deixe seu comentário por favor.