Pensando um Segundo...

... é lógico que gostaria muito de reverter muitos traços de autismo no meu filho, pois almejo sua felicidade e independência, mas não tenho mais aquela angústia abafada no peito, desesperada por uma cura como se ele fosse um brinquedo com estragos e que eu queria a todo custo consertar. Hoje sou muito Feliz com o SEGUNDO de hoje. Curto cada momento de alegria dele , cada palavra nova, cada pequena descoberta . Acho ele tão doce... ( e marrento também, às vezes). Pelas palavras, na maioria das vezes, faltarem, ele substitui muito por gestos ou puxando minha mão para pegar o que ele quer, mas amo quando ele assiste um comercial ou ver escrito e diz: Mais Você ou “caderão do uqi”, “jorná nacioná”, armazém papaíba ou ainda quando pergunto o nome dele, da irmã, do pai e o meu(é claro) e ele responde rapidinho. E o melhor é perguntar como ele está e ele dizer: “estou apaxonado”. Se ele tem consciência do que fala? Não sei.... Só sei que o amo por tudo que faz e por aquelas que não consegue fazer. Tento não perde nada... nadinha da vida dele, pois, na vida, ele é meu professor.

Enfim como diz Dalai Lama : '' a felicidade é saber curtir o caminho e não só almejar a chegada. "

Abraços

Vilma Candido



quarta-feira, junho 29

Belle, artista além do autismo

“O Autismo não é algo que uma pessoa tenha, ou uma concha na qual ela esteja presa. Não há nenhuma criança normal escondida por trás do Autismo. O Autismo é um jeito de ser, é intrínseco, colore toda experiência, toda sensação, percepção, pensamento, emoção e encontro, todos os aspectos da existência. Não é possível separar o Autismo da pessoa. E se o fosse, a pessoa que você deixaria não seria a mesma com a qual você começou.” – Jim Sinclair – autista, 55 anos
      Conheci o Trabalho de Belle Feier, hoje com 17 anos e diagnosticada autista aos 4, por casualidade, através de uma amiga cujo filho também é autista. Mães como minha amiga Cris e Kika, a mãe de Belle, que não têm vergonha e sim orgulho e buscam a inclusão de seus filhos na sociedade, permitem que possamos conhecer belas histórias de vida e de arte.
Belle desde pequena, mesmo antes de ser diagnosticada autista, gostava de desenhar. Sua única diferença nesse ponto comparada a outras crianças é que gostava de desenhar junto com seu pai sempre os mesmos desenhos, a rotina e repetição de padrão são características da criança autista.
Com o passar dos anos Belle não só desenhava, mas começou a pintar graças ao apoio de Valéria Llacer, professora de informática na APAE e também mãe de uma criança autista. Valéria ofereceu tela e tintas a Belle para que pintasse e levou uma tela pintada por Belle para um congresso europeu sobre arte autista. A tela de Belle ficou 2 anos sendo exibida na Europa em instituições ligadas ao autismo como maneira de difundir a idéia da arte no apoio e comunicação com autistas. Suas telas são caprichosas, muito coloridas, e com muitos detalhes. A exposição mostrou a beleza que ela pode produzir, como a arte produzida por ela é bela e equivalente à produzida por outras crianças com talento artístico.


        Em Florianópolis, onde mora Belle, a psicopegadoga Sandra Lamb conseguiu o apoio de um restaurante da rota gastronômica de Florianópolis e Belle fez sua primeira exposição com 10 quadros, todos foram vendidos, fez uma segunda exposição com 15 telas e novamente vendeu tudo.
Não sou um grande crítico de arte, mas analisei o trabalho da Belle e facilmente a categorizaria como uma pintora Naïf sem denotar qualquer distúrbio. O fato de Belle ser autista só valoriza o seu trabalho porque além da qualidade estética é uma prova à sociedade que iniciativas como APAE, apoio de familiares e amigos, que respeitando limites e individualidades podem integrar crianças e adolescentes com autismo à sociedade. À Belle e sua arte desejo sorte e espero, agora que a conheço, poder estar presente em seu próximo vernissage.
por Fernando Figueiredo

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